sábado, 20 de agosto de 2011

APAGANDO RASTROS E MARCAS - NOVA INTELIGÊNCIA EMOCIONAL


Não estou certo de que entendi realmente essa coisa de blog, foto blog, enfim a logística toda desse enorme fluxo de informação e exposição que se coloca na web.

Com isso quero dizer que não sei se é uma espécie de espaço político, ou humorístico tipo stand-up Comedy, a la PC Siqueira, que é aliás possui um vídeo blog super interessante de se assistir no qual veicula o melhor do humor paulistano, meio auto complacente e desleixado, especialmente com o visual, as vezes chato, mas definitivamente um fenômeno da antropologia dos bandeirantes. Ganhou cadeira e horário nobre na MTV, ou EMETEVÊ, como me disseram alguns paulistanos seria mais politicamente correto de pronunciar.

Ou se é um fenômeno novo ligado a uma necessidade contemporânea de auto promoção, de mero veículo ideológico, jornalístico ou publicitário.

Se vocês notarem minha página está agora mesmo piscando com centenas de informações desconexas desde como adquirir o abdômen perfeito versão homens (meio gay, porém útil), até notícias do ativismo social de uma ONG no Rio e de uma ou duas "pessoas-físicas-ONG", ambas do sul, e surpreendentemente da mesma pequena cidade de Joaçaba, de menção tão recorrente aqui, por me haver marcado de forma tão profunda.

Propositadamente esse post vai em preto e branco, porque é diferenciado mesmo, quer pelo conteúdo quer pela reflexão inicial, que prometo, acabou aqui, com o meu conceito de blog, "é uma atividade eminentemente literária num veículo que se propõe o oposto", não importa se a aposta é refletir sobre baratas, a orbe ou o budismo.

Isso dito, e já me coloco na trilha do post.

Gostaria de propor ao meu minguado, mas seleto, grupo de leitores uma questão, amor que é amor de verdade tem fim mesmo ou é, como propõe o Vinicius de modo muito cômodo para si e para os de sua geração, já adiantando minha visão, "eterno enquanto dura" ? Se a questão se circunscreve ao "dura", que "duração" é essa ? E quando não mais "dura", ou quando alcança o seu oposto, seja ele qual for, qual a melhor forma de dizer adeus, adieu, ciao, sayonara, adio (em ladino, língua dos meus ancestrais), adiós, ou, de forma extremamente em significante, em bom latim: vale, que nos reporta ao "valeu" nosso de cada dia.

O hebraico me saiu com o enigmático lehitraOT, que seria mais um desejo de que a pessoa que está indo volte bem e rápido, por isso não se aplica ao caso, por razões mais que óbvias.

Ainda ontem assistia um programa de televisão pouco antes de dormir, no qual se "refletia" qual o grau de envolvimento necessário à consumação da tal conjunção carnal, segundo duas opiniões surpreendentemente opostas, a do comediante Pedro Cardoso, homem e assumidamente sacana, e a não menos divertida Ivete Sangalo, cantora, porém mulher.

Em resumo um defendia que será preciso sentido, ao menos algum e por algum tempo, por menor que seja, e ainda certo grau de ternura para que a tal "concretude" se manifestasse - o Pedro (!)-, e a outra, que o tal comparecimento masculino se daria de qualquer forma, vindo o envolvimento emocional meio que no curso da situação, posição defendida pela Ivete, de forma muito sincera aliás, e corajosa, também ao admitir, para desgraça de grande parte da população masculina, que tamanho é sim documento, para ambos os sexos.

O desenlace afetivo, segundo meu analista, está no topo das situações consideradas como de maior potencial de infundir episódios de depressão, ansiedade e outras manifestações psíquicas, para as quais hoje existem siglas, ao invés de nomes, como TAG, TAB, TOC etc.

As outras são, mudança de endereço, com perda dos laços relacionais e até da paisagem, mudanças de trabalho, perda de um parente ou pessoa querida para a morte, e por ai vai.

Então, ao menos a psiquiatria concorda que existe uma perspectiva, mais ou menos baseada na realidade, de que as relações possam durar menos que uma noite no barzinho, boate ou motel. Ou seja, parcela considerável da sociedade, mesmo antes do vitorianismo, e da ascenção do romantismo, parece acreditar que se é amor dura para além dos cotados dois três anos.

Aliás, quem não tem na família exemplo de pessoas que se amaram mesmo, até que a morte os separou ?

Mas hoje a resposta a essa minha primeira indagação, vem em ondas ecoando um retumbante "não". As relações devem durar enquanto funcionais ou convenientes ao menos para uma das partes.

Ficamos com a maioria então ?

Como diríamos nós juristas, isto posto, na forma de um certo consenso, como se deve dar o desenlace ? Um simples tchauzinho, beijinhos ao vento, toma suas coisas que eu fico com as minhas, se possível sem que se tenha formalizado qualquer aliança, para evitar a desagradável intervenção de advogados, juízes, testemunhas e familiares potencialmente interessados ?

Se assim deve ser, como se faz para apagar de forma definitiva as marcas e rastros que as pessoas deixam em nossas vidas ? O que é mais sensato fazer, de acordo com essa nova concepção de "inteligência emocional" ?

A resposta dai advinda terá, seguramente, consequências as mais diversas, até mesmo sob o juízo dos magistrados ao atribuir ou não a guarda e adoção a parceiros solteiros, porém abonados, casais tridimencionais (3D, há sempre lugar para mais um), e aos homossexuais masculinos, se adeptos de relacionamentos abertos tipo porta giratória ou fast food, apenas para citar algumas das categorias aceitas e certificadas pelas tais pessoas emocionalmente inteligente que me vem a memória. Podem acrescentar outras, se quiserem, como a dos casais tipo "loja de conveniência".

Nesse momento, queria mesmo era que estivéssemos num video blog, porque meu cachorro, o reincidente Woody, se virou no sofá e mudou, com o corpinho o canal de TV. Sex and the City 2 deu lugar a uma palestra na TV Comunitária em que o entrevistado fala sobre ego. Mas sobre isso já escrevi, de forma séria e pesada, por isso, mudo meu canal de volta para o filme, que passa na HBO, me parece mais apropriado na ocasião. Não me venha senhor palestrante falar de São Francisco de Assis, que tanto amo, enquanto Samantha e suas amigas aprontam em Abu Dhabi.

Retomando o tirocínio, acho que a resposta está no início de todas as relações, dos padrões que se estabeleceram sileciosamente ao longo dos dias, desde o lado preferido da cama, ao respeito pelas idiossincrasias do outro, passando pelo tempo dedicado ao outro ou ao espelho, gosto por baladas etc.

Se muito se cedeu de um lado, em proveito do outro, mais confusão e desencontro haverá na "hora de dizer tchau", de parte a parte, a tendência será a de usar uma espécie de dosimetria de quem perdeu mais em favor de quem. Vi com tristeza amigos(as) que tiveram longas disputas com seus cônjuges por causa disso, para sofrimento dos filhos pais e da galera em geral, que teve que aguentar as lamúrias, via de regra em mesa de bar.

Melhor mesmo é delimitar espaços desde o começo, antes que seja tarde demais. Antes que você ou o outro(a) comece a se sentir "lesado(a)" com a perda da segurança da relação.

Outro requisito a que as coisas terminem sem conflitos, e ai já digo que sou desfavorável aos barracos:

Se você é dos que pensam que as relações estão fadadas ao término, faça um favor ao mundo, ou não comece uma, ou termine de forma civilizada, e por civilizada digo, vá matando a coitada aos poucos, como faziam os Médicis.

Se aprofundem na arcana arte do envenenamento, leiam os tratados, baixem nos seus IPAds desde a ITunes Store, comprem em sebos, existem livros antigos e tratados preciosos sobre o tema (mas folheiem de luvas, nunca se sabe quem andou manipulando o opúsculo). Pontue-se que aqui não estou fazendo apologia ao crime, como antes não demonstrava qualquer sentimento homofóbico. Falo em (auto) envenenamento emocional, uma arte sofisticadíssima, tanto quanto a da dissimulação sincera.

Encontrei num sítio que "os venenos sempre foram chamados de “arma covarde” por serem administrados, geralmente, de forma furtiva, aos poucos, e por um determinado período de tempo. Geralmente proporciona à vítima um sofrimento prolongado. Tem associado à ação do envenenamento um particular sentimento de ódio, o que torna o “envenenador” um indivíduo “sinistro”. O envenenador é, assim, caracterizado pela sua falta de compaixão, e mata suas vítimas sem o calor de um momento de stress – como numa discussão, ou numa briga" (em http://ltc.nutes.ufrj.br/toxicologia/mI.hist.htm, consultado na data da redação desse post, que espero seja a mesma da publicação, já que estou com um questionário super antipático da pós para responder até dia 25).

Discordo do artigo, o verdadeiro envenenador é aquele que, como Catarina de Médici, se apresenta notório, põe plaquinha e tudo mais, dá suporte a uma espécie de ofendículo (os juristas sabem a definição, é como aquele sinal "cerca eletrificada", "cão bravo", "don't transpass", "use of deadly force authorized").

Penso mesmo que o tal (auto) envenenador emocional deveria avisar antes do primeiro beijo: "olha eu não concordo com essa coisa de relação, tenho cá minhas ressalvas, portanto se está pensando que o que haverá entre nós é uma relação, namoro, casamento ou coisa que o valha, melhor consultar logo sua disponibilidade para desapontamentos ao longo dos próximos meses ou anos, faça um bom plano de saúde, uma poupança para o analista ou adote uma dessas religiões que pegam o desapego", ou melhor ainda, convença a criatura a ler Paulo Coelho ou frequentar a seção de autoajuda da livraria de sua preferência, ou as sessões de descarrego de alguma igreja ou centro espírita.

Mas como propus uma questão e não uma resposta, qual é mesmo sua opinião ?

Ia já me esquecendo, um "ex-conhecido" meu apontou diversos erros ou impropiedades gramaticais, estilísticas etc., em meus textos. Outra conhecida me saio com essa, "os que vivem apontando erros de português é porque detestam escrever", com essa peço desculpas pelos erros de hoje e do passado.

Fiquem com a máxima: "de onde menos se espera, é dai que não sai nada mesmo".

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